domingo, 10 de maio de 2020

O ano mal começou e já tenho meu livro preferido: Quando não há palavras - Julie Buxbaum

Quando vi que o livro tinha um personagem com asperger, já imaginei que fosse adorar. Amo livros que falam do espectro. Já li "Querido John", "Com amor, Anthony", "meu menino vadio - histórias de um garoto autista e seu pai" e provavelmente muitos outros que não me recordo agora. É uma temática que me encanta e me fascina na mesma proporção. Porém, nada me preparava para o tanto que eu ia me apegar à esse livro.

Acho que é a primeira vez NA VIDA que eu leio um livro com tanto apego, tanta vontade de conhecer cada personagem, vontade de devorar a leitura em minutos, mas também de prolongá-la pela vida, para sempre acompanhar os passos de David, Kit, Miney...

A história tem uma premissa simples, que pode fazê-la parecer com qualquer outro Young Adult que você encontra nas bancas. Mas a verdade é que esse livro é dotado de uma sensibilidade ímpar, que o fez se tornar meu livro preferido do ano, quiçá da vida (e olha que eu leio bastante!).

Enfim, o livro conta a história de Kit, uma menina que perdeu seu amado pai em um terrível acidente, o que lhe traumatizou de um modo muito profundo, fazendo-a se afastar das amigas e de tudo que antes lhe era importante.

Do outro lado, temos David, um menino solitário que tem síndrome de Asperger, um dos espectros mais leves do autismo. David me lembra, em muitos momentos, o Sam da série Atypical, tanto pelo autismo quanto pela relação com a irmã Miney, que o ajuda a "ser mais normal". 

Eu confesso que fiquei bastante sensibilizada com as inúmeras maldades que os seus colegas faziam com ele e me peguei mais de uma vez com os olhos marejados pensando em como deve ser difícil não se adequar, tanto para ele, quanto para sua família. Aliás, que família! É lindo ver o cuidado e carinho com o qual eles tratam David e tudo que eles fazem para que ele se sinta bem.

Kit, no auge da sua confusão mental e tristeza, resolve almoçar sentada ao lado do colega "esquisito", quieto e antissocial, achando que assim poderá ficar em paz, sem os constantes olhares de pena e sem ninguém esperando que ela voltasse a ser a Kit que era antes de perder o pai. Ela está no limite de exaustão, com todos as amigas e até a própria mãe evitando falar da morte do seu pai, pisando em ovos com ela e agindo com aquela compaixão estranha que só lhe faz lembrar cada vez mais da triste realidade.

O que ela não esperava era que David seria totalmente o oposto: direto, sincero e sem filtros, David nunca fez questão de preencher o silêncio com conversas desnecessárias, nem lhe poupou das suas verdades diretas e meticulosas sobre qualquer coisa que viessem a conversar. E de repente, ele se tornou a única pessoa com a qual ela se sentia bem e a vontade.

Mas engana-se quem pensa que o livro se limita à isso. Primeiro, que no final temos um E-N-O-R-M-E plot twist... E assim, eu realmente esperava um plot twist, mas esperava que fosse envolver Miney... E vou parar por aqui, pois não quero dar spoiler, mas se alguém também pensou isso, favor me dizer que não fui a única!

E meus amigos, o final... ah, o final... sabe aquele livro fofo, cativante, real? Você se apaixona pelos personagens, mas não porque eles sejam perfeitos... e sim exatamente porque são humanos, com falhas, diante de situações reais, com mágoas e tentando melhorar...

Enfim, LEIAM esse livro. Acho que independente do gênero literário que você curta, um livro como esse é IMPOSSÍVEL não gostar. Eu terminei faz 5 minutos e já estou morrendo de saudade das personagens. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário