domingo, 10 de julho de 2016

Sete faces do terror - Contos de terror infanto-juvenis



Hoje trago para vocês a resenha de um livro infanto-juvenil que li há tempos atrás e que tive a oportunidade de reencontrar agora no sebo, então quis compartilhá-lo.

Sete faces do terror pertence à coleção "Sete faces", que aborda sempre sete eixos de um mesmo tema, ou seja, nesse caso temos sete contos de terror, mas cada um com um tipo de terror diferente.

Além dele, há diversos outros livros dessa coleção. como sete faces do amor, sete faces do humor, sete faces do crime, sete faces do sobrenatural, sete faces da aventura e muitos outros. Vamos então ver um pouquinho mais sobre os sete contos de terror e suas abordagens:



1) Bença, mãe - Júlio Emílio Braz 


Esse é um conto sobre fantasmas. Ele conta a história da menina Olivia, que foi assassinada pela própria mãe, uma prostituta fria e cruel. O fantasma da menina ficou então aprisionado na casa que era o antigo bordel onde sua mãe Flô Burnier e as demais prostitutas moravam e trabalhavam e atormenta todas as atuais moradoras na tentativa de encontrar o afeto de mãe que nunca teve.

A história começa quando aparece uma nova compradora para o imóvel, uma moça chamada Laura. Desde que a vê, Olivia julga ser esta a mãe perfeita que sempre sonhou e em diversas vezes essa carência da criança já morta nos faz torcer para que tudo acabe bem. 
Não é exatamente uma história assustadora, mas ainda assim considerei um dos melhores e mais impressionantes contos do livro. 


2) A marca da serpente - Carlos Queiroz Telles


A marca da serpente conta a história do vampiro Vlad, que se apaixona por uma humana. Não é estilo crepúsculo, pois trata-se de um livro de terror juvenil, mas segue a mesma linha do vampiro que tenta disfarçar seu extinto para proteger sua amada. Entretanto, Vlad diferencia-se de Edward pela forma como se mostrou dissimulado e sem escrúpulos, chegando ao ponto de matar o pai de sua amada para que a mesma cumprisse a promessa de casar com o primeiro homem que lhe pedisse após ficar órfã de pai. 
A história também não é assustadora, mas é importante considerar que o livro é para adolescentes e crianças e eu me recordo de ter ficado bem mais impressionada quando li pela primeira vez, anos atrás. 
O desfecho do conto é bem elaborado e razoavelmente surpreendente, de forma que vale a pena ser lido, independentemente do nível de terror. 


3) Possuída pelas trevas - Flávia Muniz


Em "Possuída pelas trevas" temos uma história sobre bruxas e me arrisco a dizer que trata-se de uma das melhores que já li sobre o tema (apesar de não ser um tema que costumo ler com frequência). Temos a história de um namoro adolescente que está prestes a acabar, contada na perspectiva da namorada insegura e possessiva e do namorado traidor e galinha.
A moça descobre a traição e não aceita bem o fim do relacionamento, então procura uma bruxa para que a mesma faça um feitiço ou maldição contra o rapaz; Mas bruxas não são boas e o mal desejado pode sempre vir em dobro para quem o deseja...


4) Tybi, o guardião dos gatos - Marcia Kupstas

Li este livro com meu marido e esta foi a história que ele mais gostou. Quanto à mim, estou em dúvida entre essa, a primeira e a terceira! 
Tybi é uma história sobre múmias. Quando vi o tema, confesso que a menosprezei. Não imaginei que uma história assim estaria inclusa  como uma das sete faces do terror, ainda mais tratando-se de um gato mumificado. Sim, a múmia da história é o gato Tybi. Acontece que Tybi não é uma múmia comum: ele é o guardião dos gatos e é capaz de invocar todos os felinos para destruir a vida daqueles que julgar merecedores. 
É realmente um conto muito bem escrito e elaborado, que deixa aquele gostinho de querer mais, de querer que a história continue e possamos seguir acompanhando Tybi vingando todos seus irmãos de espécie.


5) Garoto inventado - Julieta de Godoy Ladeira

Esse é o único conto do livro que nem eu, nem meu marido gostamos. Ele fala de Frankenstein e eu já comecei não gostando, pois Frankenstein não é um monstro (sou defensora devota da criatura de Mary Shelley). 

Mas, logo que começamos a ler, entendi o que o autor quis dizer: trata-se de uma história de criador e criatura, por isso o termo Frankenstein. Porém, nesse conto, criador é um velho solitário, que tinha seu pequeno netinho como a coisa mais preciosa de sua vida e que não soube lidar com a morte do menininho, acabando por inventá-lo em sua mente.
A narrativa é confusa, mas basicamente a vontade de ter o neto vivo era tanta, que o avô passou a inventar momentos com o mesmo, compartilhando com todo mundo. Na sua mente, o neto ainda vivia, brincava, ia à escola, aprontava... E esse desejo era tão grande, que um dia se materializou.
A história podia ter sido boa, uma vez que a ideia é legal. O que faz não ser foi a narrativa confusa e o final meio absurdo, com uma reviravolta desnecessária e vaga. Não é um conto ruim, apenas deixa à desejar e perde muito em comparação aos demais do livro.


6) Lua cheia de sangue - Jesse Navarro e Márcia Melo

Lua cheia de sangue é uma história de lobisomem que se parece muito com aqueles filmes policiais onde há uma mocinha, um mistério e um romance. 
Uma pequena cidade onde um lobisomem tem atormentado a população com assassinatos. Duas meninas que foram atacadas pelo monstro dentro da própria escola e só não perderam a vida por terem sido socorridas há tempo. Uma psicóloga e um delegado que juntam-se para solucionar o caso, ao mesmo tempo que se apaixonam. Um clima de suspense em que você fica chutando qual dos personagens deve ser o lobisomem. 
É clichê e não posso falar que o final foi surpreendente, apesar do conto tentar fazer isso. A questão é que Jesse usa a tradicional fórmula de dar pistas descaradas durante todo o conto para induzir o leitor a se convencer que o culpado era um, quando na verdade, era outro. 
Entretanto, o fato de ser clichê, não faz de "Lua cheia de sangue" uma história ruim. É um bom conto, ficando no mesmo patamar dos quatro primeiros.


7) Um homem feito de nuvem - Fernando Portela

Um homem feito de nuvem foi para mim a única história assustadora do livro. Não que eu tenha perdido o sono, tido pesadelos ou ficado com medo do escuro, mas ela realmente é bem mais pesada que as demais. Na descrição, o autor afirma tratar-se de uma história de morto-vivo, mas eu descreveria uma história de espíritos e criaturas do inferno
O conto fala de Jorge, um homem pão-duro, cruel e detestável, que agredia seus familiares física e verbalmente e não era querido por ninguém. A história começa quando Jorge acorda de um terrível pesadelo onde criaturas horríveis, meio gente, meio monstros, lhe perseguiam até um pântano borbulhante e negro onde ele se afogava. 
O homem já acorda furioso, irritado pelo horário, porque irá se atrasar e ninguém lhe acordou. Levanta e vai até a sala onde vê seus familiares reunidos, aparentemente sendo consolados uns pelos outros. Começa a esbravejar e então se dá conta que ninguém está lhe vendo, pois está morto. 
Pouco a pouco, Jorge percebe o alívio que seus familiares sentem com sua morte e o quão cruel foi em vida e isso se torna ainda mais claro quando as criaturas vistas em seu sonho aparecem para levá-lo ao inferno... E para encostarem-se em seu filho, que vai assumindo a mesma personalidade do pai.
É um conto muito bem escrito e  um dos que mais me impressionou quando li. tanto na primeira, quanto na segunda vez. 

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