quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Lugares Escuros - Gillian Flynn

Que eu sou apaixonada pela escrita da Gillian Flynn já não é mais segredo, mas ainda assim, torno à repetir. Para mim, a autora está no topo da lista de melhores autores de thriller psicológicos e é uma das raras que consegue sempre me surpreender. 

Não que eu seja uma expert em desvendar os suspenses propostos, mas a verdade é que pelo menos uma partezinha eu consigo sacar, graças à minha experiência de leitura do gênero. Mas com Gillian, os finais sempre vêm como tapas na cara. Com "Lugares Escuros" não foi diferente.

Nesse livro, conhecemos Libby, uma mulher de 31 anos que ainda sofre os impactos de um trauma que passou quando tinha 7 anos: ela teve sua mãe e irmãs brutalmente assassinadas por machadadas, tiros e estrangulamento e Ben, o seu irmão mais velho foi considerado culpado pelo crime, sendo condenado à prisão perpétua. Libby foi a testemunha chave para tal condenação e, desde então, sua vida nunca mais foi a mesma.

Durante os 24 anos que se passaram após o crime, Libby foi sustentada por doações de pessoas que lamentavam sua tragédia, um grande fundo bancário criado na ocasião para ajudar a pequena e desamparada Libby. Graças à isso, Libby nunca precisou trabalhar ou estudar e levou uma vida desregrada e introvertida, sem nunca lidar direito com tudo o que aconteceu. Porém, quando os recursos desse fundo acabam, ela fica completamente desnorteada, sem saber o que fará para conseguir se manter financeiramente.

Surge então um grupo de jovens fanáticos em desvendar crimes reais, o Kill Club. Eles são completamente fascinados pelo assassinato da família de Libby e insistem na teoria de que Ben é inocente e que Libby só afirmou ter visto o contrário porque tinha apenas sete anos, estava traumatizada e foi induzida à pensar e acreditar nisso. Eles lhe propõe ajuda financeira em troca de remexer o caso, em busca de provas que demonstrem que sua teoria está certa. E, quanto mais mexe no caso, mais Libby vê todas as certezas que achava que tinha sobre aquela noite serem destruídas.

O livro então alterna entre as narrativas à respeito de Libby hoje e de sua mãe e irmão nos dias que antecederam o assassinato. E a história vai ficando cada vez mais complexa, com inúmeras doses de temas complexos como pedofilia, drogas, rituais satânicos, sexo prematuro e as tradicionais personalidades perturbadas que Gillian Flynn sabe explanar tão bem.

Enfim, é uma obra prima. Tão bom quanto "Garota Exemplar" e "Objetos Cortantes". Até hoje não consigo definir qual é melhor ou qual me surpreendeu mais. A escrita de Gillian é rápida e perspicaz e quanto mais você lê, mais curioso fica, mais quer saber, até que você nota que leu o livro inteiro em poucas horas.
Uma coisa posso garantir: acredito, sinceramente, que NINGUÉM foi capaz de adivinhar ou deduzir o que de fato aconteceu naquela noite até o momento em que leu. Eu havia ouvido isso de um leitor e pensei "que nada, vou chutar os fatos mais improváveis e o assassino menos suspeito e estarei certa, pois Gillian sempre faz isso". E chutei. Tinha uns três ou quatro finais imaginários na minha cabeça mas nenhum deles me preparou para o que de fato aconteceu. E, mais uma vez, eu tiro o chapéu pra essa mulher!

O livro tem três opções de capa e eu estou feliz da vida, pois consegui comprá-lo com a original, que combina perfeitamente com as capas dos demais livros e agora tenho a coleção completa! A diagramação é perfeita, como sempre é com os livros da Intrínseca. Foi feita também uma adaptação cinematográfica homônima, a qual tenho certeza que ficou maravilhosa (até porque a própria Gillian estava envolvida no roteiro), mas ainda não tive o prazer de assistir. 

A única coisa que notei de diferença é que no livro Libby é muito baixinha (se não me engano, tem um metro e meio) e ruiva, assim como Ben, e no filme ela é alta e loira, e ele também. Mas, quem se importa com cor de cabelo quando temos uma história absolutamente perfeita, surpreendente e rica em detalhes?!

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