segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Cuco - Julia Crouch

"Polly é a mais antiga amiga de Rose. Então quando ela liga para dar a notícia que seu marido morreu, Rose não pensa duas vezes ao convidá-la para ficar em sua casa. Ela faria qualquer coisa pela amiga; sempre foi assim. Polly sempre foi singular — uma das qualidades que Rose mais admirava nela — e desde o momento em que ela e seus dois filhos chegaram na porta de Rose, fica óbvio que ela não é uma típica viúva. Mas quanto mais Polly fica na casa, mais Rose pensa o quanto a conhece. Ela não consegue parar de pensar, também, se sua presença tem algo a ver com o fato de Rose estar perdendo o controle de sua família e sua casa. Enquanto o mundo de Rose é meticulosamente destruído, uma coisa fica clara: tirar Polly da casa está cada vez mais difícil."

Parece um suspense intrigante, tenso e fabulosamente bem escrito, não é mesmo? Eu também pensava isso, mas infelizmente me enganei; Cuco é tudo, menos um bom livro.

Desde a primeira semana em que trabalhei na livraria, vi esse livro na estante e ele me chamou atenção. Li a sinopse, fiquei intrigada e contei os dias para comprá-lo e começar à ler compulsivamente. E li muitas páginas... E mais uns capítulos... E mais uns parágrafos... E nada de extraordinário aconteceu.

 A história conta sobre a amizade de Rose e Polly e tenta à todo custo nos mostrar o quanto Polly é desestabilizada, cruel e insensível, além de ser a responsável pela destruição gradativa da vida de Rose. Mas as coisas não são bem assim.

Rose abriga a amiga recentemente viúva e seus dois filhos em sua casa, tornando-lhes parte de sua já numerosa família (ela, marido e duas filhas). O livro tenta num primeiro momento passar a ideia de que a família era perfeitamente estruturada e feliz e que a chegada de Polly foi acabando com tudo isso, dia após dia. Entretanto, eu vejo a própria Rose muito mais culpada que Polly nesse processo de destruição.

A verdade é que não tive empatia por nenhum dos personagens, nem mesmo pelas crianças. Todos pareceram frios, fúteis e superficiais e a submissão  e idolatração de Rose com Polly é deprimente. Junte isso ao fato de que a coisa mais grave que Polly faz é, pouco a pouco, revelar todos os podres de Rose. que nunca mereceu a família certinha e feliz que tentava manter.

Mas, veja bem. Se o livro tivesse surpreendido tirando o papel de vilã de Polly e jogando ele para Rose, estaria ok. Iria contra a ideia da sinopse, mas seria suficientemente imprevisível e bem elaborado para ser apreciado. Mas não. O tempo todo, nas entrelinhas de toda encheção de linguiça, a autora nos força a ver os grandes defeitos de Polly: bêbada, inescrupulosa, traidora, insensível, desestabilizada. Mas, paralelamente e sem dar a mínima importância, o livro também relata atitudes de Rose que só dão uma certeza: as amigas são farinha do mesmo saco, 

Eu tive muita vontade de abandonar a leitura, inúmeras vezes. A história maçante não me preendia, os personagens não me cativavam, faltava suspense, faltava coerência, faltavam coisas acontecendo. Mas persisti, na esperança que no final tudo se ajeitasse e o desfecho consertasse minha decepção. 

Contudo, como já diz um certo ditado "tudo que está ruim, pode piorar". E foi exatamente o que aconteceu. O final só comprova algo que eu já havia notado desde os primeiros capítulos: a autora estava completamente perdida em sua proposta de história e dá a impressão que ela começou escrevendo sobre algo e foi mudando de ideia sobre tudo que havia sido proposto, deixando muitas pontas soltas e muito à desejar. 

Enfim, pelo menos posso citar duas coisas legais sobre a experiência: primeiro, a diagramação está perfeita, tanto na fonte, tamanho, espaceamento e capa, e, segundo, "Cuco" me ensinou a não julgar um livro pela capa ou pela sinopse. Até teria sido válido ler algumas resenhas antes, mas no fundo a gente só pode definir e classificar quando nós mesmos lemos. Ainda assim, esse eu não recomendo!

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