domingo, 31 de julho de 2016

Emmi & Léo: @mor / A sétima onda - Daniel Glatlauter

Destruindo qualquer preconceito literário que pudesse surgir, Daniel Glatlauter consegue contar uma história maravilhosa APENAS por e-mails. Sim, hoje vamos falar de @mor. 

Confesso que só comprei @mor porque tinha ganho a sua continuação (A sétima onda) e não quis ler o segundo sem ter entendido o começo da história, mas comecei a ler sem grandes expectativas. Logo de início já vi que ambos os livros são narrados apenas através de uma longa troca de e-mails entre os dois protagonistas e achei que dessa forma seria muito difícil que houvesse aprofundamento nos personagens e sentimentos. Grande engano!

O livro começa quando Emmi, tentando cancelar a assinatura de uma revista, acaba enviando um e-mail para Léo, cujo endereço era semelhante ao da editora. Léo responde explicando o mal entendido e eles não se falam novamente até o natal, quando ela manda um e-mail de "boas festas" para todos os remetentes de sua caixa de entrada, inclusive o de Léo. Logo ele responde de forma sarcástica falando sobre o quanto "adora receber e-mails coletivos de pessoas desconhecidas". A partir dai, eles iniciam uma relação intensa, divertida e muito instigante.

Léo e Emmi passam a se conhecer de forma cada vez mais intima, sem no entanto nunca falar sobre suas aparências ou sobre as coisas práticas de suas vidas. Falam de sentimentos, questionam um ao outro sem nunca obter respostas concretas e fazem um verdadeiro jogo de morde e assopra, repleto de provocações, deduções e um sentimento de identificação cada vez mais crescente.

Entretanto, Emmi é casada e isso ela deixa claro para Léo, ao mesmo tempo que inúmeras vezes demonstra declaradamente que seus sentimentos por ele estão ficando muito intensos. Léo também as vezes admite, mas em geral quando está bêbado. Fica claro que ambos sabem que a relação que estão construindo está longe de ser uma amizade comum e talvez sejam almas gêmeas, unidas pela ironia de um e-mail enviado por engano.

Logo, Emmi e Léo começam a cogitar a possibilidade de um encontro, mas ao mesmo tempo que
querem muito, os dois se retraem por saberem dos inúmeros riscos que isso trás. Se o encontro for ruim, destruirá toda a magia que está presente em cada linha de cada e-mail que trocam. Se for bom, provavelmente vão querer muito mais que apenas se conhecerem e isso colocará em risco o casamento estável e razoavelmente feliz de Emmi.

@mor termina de uma forma bem vaga, por isso aconselho que todos que vão ler, já tenham "A sétima onda" em suas mãos, de forma que possam continuar imediatamente, como se apenas tivessem trocado de capítulo, porque é exatamente assim que o livro começa.

Em "A sétima onda", Emmi permanece casada e Léo está namorando firme uma moça que conheceu em uma de suas viagens. Ele e Emmi, que haviam se afastado por meses devido ao último acontecimento de @mor, acabam reatando suas conversas e reacendendo um sentimento que julgavam estar morto. Mas agora, mais do que nunca, eles sabem: essa história precisa se tornar real e eles precisam se encontrar.

Enfim, o livro é maravilhoso! É divertido, instigante, de rápida leitura e super envolvente. Eu levei apenas dois dias para ler os dois e fiquei com aquele sentimento de querer ter lido mais devagar, só para evitar a grande saudade que os personagens deixaram. 

É um romance contemporâneo que demonstra com maestria o grau que as relações virtuais podem ocupar em nossa vida, mesmo antes de se concretizarem em um encontro real. A diagramação é excelente, as capas são adoráveis e o ritmo da narrativa é perfeito (rápido, fluído, sem enrolação). Não há grande aprofundamento em personagens secundários, fazendo com que só possamos realmente conhecer Léo e Emmi, mas eles já são mais do que suficientes para tornar a história deliciosa (não é a toa que o livro conquistou mais de três milhões de leitores e foi traduzido em diversos países).

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