sexta-feira, 4 de março de 2016

Mentes Perigosas: o psicopata mora o lado - Ana Beatriz Barbosa Silva

Que a Ana Beatriz Barbosa é incrível, muita gente já sabe, mas hoje estou aqui para falar de um dos melhores estudos que já li sobre a mente humana. "Mentes perigosas  - o psicopata mora do lado" caracteriza e explana o perfil dos psicopatas de uma forma clara e precisa, que você se vê analisando o comportamento das pessoas com quem convive, avaliando se elas não se enquadram em tudo que Ana Beatriz explica.

O livro já começa de forma fantástica, explicando através de uma metáfora o comportamento dos psicopatas. Nela, um escorpião pede "carona" para um sapo, implorando ao mesmo que o deixe atravessar o rio subido em suas costas. O sapo nega, afirmando que tem receio que o escorpião acabe por matá-lo com se veneno. Achando a ideia absurda, o escorpião afirma que não teria motivo para fazer tal crueldade, especialmente com quem lhe ajudasse. Então o sapo lhe põe nas costas, atravessam o rio e, ao chegar do outro lado, o escorpião usa todo seu veneno para matar o sapo, alegando que isso faz parte de sua natureza. 

A fábula exemplifica com maestria o comportamento de um psicopata, como vamos vendo no decorrer da leitura. Eles não têm motivos para seus atos, mas é de sua natureza não sentir remorso, gratidão ou qualquer sentimento bom em relação aos outros.

Ana Beatriz explica que nem todo psicopata é assassino, como muitos pensam. O que acontece é que eles possuem uma incapacidade de sentir compaixão. Eles são extremamente egoístas e fazem o que for preciso para atingir seus objetivos, independentemente de quem precisarem magoar ou ferir para isso.

Psicopatas nunca se arrependem. Eles são frios, mesmo quando imploram perdão e juram mudança: tudo não passa de uma tática dissimulada para manipular o outro em benefício de si próprio. Eles podem ser presos, castigados, abandonados... Ainda assim, nunca mudarão.

Isso acontece porque o cérebro humano possui componentes responsáveis por todas as emoções que
somos capazes de sentir. Todas esses componentes, metaforicamente falando, são como líquidos servidos em vários recipientes, os quais devem estar sempre em equilíbrio para que a pessoa se mantenha bem. Em pessoas normais, as vezes um desses recipientes está mais cheio que o outro, então a emoção correspondente predomina. Já nos psicopatas, o "recipiente" da empatia, do remorso e da compaixão simplesmente não existe.

O livro dá muitas explicações sobre o assunto, bem como inúmeros depoimentos de pessoas que já foram vítimas de psicopatas. Através desses depoimentos, Ana vai cada vez explicando mais sobre o perfil, motivações e atitudes dessas pessoas e vamos conseguindo identificar um psicopata seja no trabalho, na escola, em amizades ou até mesmo num relacionamento amoroso. 

É uma leitura fácil, muito explicativa e bem construída, além de conter recomendações de filmes e livros para quem gosta do assunto. Eu, como aspirante à psicóloga e fissurada em conhecer mais sobre o comportamento humano, li em dois dias e ainda mandei uma mensagem gigante à escritora, parabenizando pela obra e pela nobre atitude de compartilhar conosco tamanho conhecimento.

Para quem gostar da leitura e também se interessa por livros do gênero, Ana ainda escreveu "Mentes inquietas" (sobre hiperatividade), "Mentes insaciáveis" (sobre anorexia, bulimia e demais transtornos alimentares), "Mentes e manias" (sobre transtorno obsessivo compulsivo), "Mentes consumistas" (sobre o consumidor compulsivo), "Mentes ansiosas" (sobre medo e ansiedade fora de limites), "Mundo singular" (sobre autismo) e "Corações descontrolados" (sobre borderline). Todos são leituras maravilhosas e muito esclarecedoras!

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